terça-feira, 24 de junho de 2008

FORTALECENDO AS LEMBRANÇAS DE FORTALEZA

Gente querida, pretendo sintetizar, conforme meu próprio entendimento e lembrança de tudo, as ênfases levantadas no Encontro Nacional do Caminho da Graça em Fortaleza (CE) - 2008:

I - Do Caminho da Graça e seus "inimigos" - A Síndrome de Jonas
II - Do Caminho da Graça e seus "amigos" - Do Salmo 137 ao 133: Um difícil caminho!
III - O que de melhor o Caminho pode produzir?
IV - Um novo tempo, apesar dos pesares...Convido-os à reflexão...Abaixo, o primeiro deles.

DO CAMINHO DA GRAÇA E SEUS "INIMIGOS" - A Síndrome de JonasPassados esses três anos iniciais - onde o Caminho da Graça se estabeleceu como um "testemunho", um pólo divulgador do Evangelho, um foco de disseminação da Mensagem a partir do site, dos materiais de mídia e literatura, e por meio das suas Estações, núcleos comunitários terapêuticos de ensino e estímulo à convivência fraterna e à troca de dons - hoje novos contextos surgem em resposta ao Movimento.

À medida que a Mensagem apregoada tem se expandido e encontrado eco para todo lado, tanto rendições sinceras a ela como fortes oposições têm ocorrido nos últimos tempos. E a maioria das acusações e beligerâncias antes direcionadas mais especialmente para a pessoa e o ministério de Caio Fábio, hoje, por outra lado, crescem na direção de todo o "Caminho da Graça", agora que, tendo partido de um portal virtual, Deus providenciou um Caminho real e historicamente visível.Daí, então, que do Caminho da Graça se ouvem e se ouvirão cada vez mais muitas histórias e estórias (a maioria delas coisas que nem nós sabíamos, aliás!).

A leviandade com que tudo é dito e articulado tem a óbvia intenção de calar os mensageiros e silenciar a Mensagem, que provoca o status operandi da cultura cristã estabelecida, bastando para fazê-lo que simplesmente se pregue o Evangelho conforme Ele é!Bom, toda essa conjuntura ora apresentada, pode perverter o espírito da caminhada, pois tal caminhada não implica de modo algum em gastar-se na dinâmica do revide e da refutação, e nem em formas de proteção à reputação. Daí a necessidade de muito cuidado com o coração, pois ninguém fará mal ao Caminho da Graça a não ser nós mesmos, se formos tomados pela Síndrome de Jonas, o profeta.

Senão, vejam:Posições ideológicas, embates constantes, melindres diante de acusações e tolices, inimizades em acentuamento, beligerâncias abertas, antipatias crônicas, traumas histórico-institucionais, memórias de amargura nas relações fraternas de outrora podem nos levar para um caminho contrário ao Chamado, em rota de colisão com o Amor de Deus!De fato, o "Caminho" quer que a "igreja" experimente arrependimento de sua opulência ninivita, de seu triunfalismo assírio, da ufania de suas riquezas, da opressão que seu domínio exerce sobre mentes conquistadas e do seu pendor para o "imperialismo" institucionalizado. Mas se seu irmãozinho evangélico se tornar uma espécie de ninivita para você, o Evangelho não foi construído em você e suas defesas denominacionais são maiores que seu Chamado a apregoar à Boa Nova do Reino a todos e em todos os lugares, já que pela Cruz, Ele derrubou os muros de separação, e de todos os povos, fez um!Sendo mais claro: Se você deseja que a "igreja" se dê mal e "quebre a cara" só para a tua profecia se cumprir, só para você não ser desmentido e seus vaticínios se concretizarem, então, meu caro Jonas-Caminhante, você se encontrará com a força do amor de Deus na direção dos teus "inimigos" e contra você, e as algas se enrolaram em tua cabeça!E tem mais: Nínive pode ser restaurada e convertida (por essa você não esperava, né?).

Entretanto, se os "ninivitas" (qualquer um que, existencialmente, ocupe esse predicado para você) precisarem ser como você para serem de Deus, se eles tiverem que se tornar em "judeus" como você, freqüentarem a sinagoga com você, renegarem sua origem e migrarem para a geografia da tua própria espiritualidade e, enfim, adorar a Deus conforme você, então saiba:

Deus converte ninivitas e os mantém em Nínive, sem aculturamentos e sem rendições à Jerusalém! Deus tem misericórdia de ninivitas e você está propenso a só se preocupar com a erva e com a larvinha que a consome, em mediocridade ideológica! Pense a respeito e pare com isso!

Só o que pode impedir de isso aqui virar aquilo que nós odiamos é nossa disposição interior de se questionar sempre e responder com amor, perdão, misericórdia e graça, servindo a todo homem em Cristo.

À Missão!

Marcelo Quintela

O Caminho da Graça e seus "amigos": A difícil jornada do Salmo 137 para o 133

Uma outra curiosa realidade tem se acentuado ao redor do Movimento:

A maioria absoluta dos que pediram por ele, não vieram!

Sim, a maior parte daquele pessoal que escreveu cartas e cartas queixando-se do jugo de escravidão religiosa, com o mesmo espírito que o salmista queixava-se do Exílio no Salmo 137, na verdade, só queria mesmo reclamar.

Questionam o exílio, mas não querem ver materializada nenhuma libertação, pois, de fato, tendo se passado tanto tempo em cativeiro, eles talvez já possuam muitos negócios no Exílio. Cresceram em Babilônia e já dependem dela para viver e se manter, ainda que em intermináveis ciclos de euforias e frustrações que se alternam em revezamento, vivendo na tal "rodinha do hamster" o tempo todo. Por fim, aliaram sua própria identidade espiritual àquela condição de semi-Evangelho e de pseudo-fraternidade (segundo eles próprios em milhares de milhares de correspondências!).

Aí alguém lhes convida sob o "decreto" de uma Doce Revolução, a esperança de uma alternativa surge, um novo odre se estabelece, as utopias se tornam possíveis, a porta se abre, o Caminho se faz em direção a Jerusalém, mas eles não vêm!

Sim! A reconstrução dos muros derribados dá mais trabalho do que era imaginado, precisamos de apoio, chamamos por eles, mas eles não podem! Eles só querem assistir, e eventualmente dar uns sábios palpites, fazer advertências amigas. Ficaram incrivelmente éticos: "Ah! Não dá, o Caio está muito reativo. Eu falei tudo aquilo, mas não era para tanto..."

Querem manter uma proximidade gerenciada, mas não querem uma relação de armas depostas.

Sabem tudo sobre o "Caminho da Graça", e o aplicam em suas comunidades e discipulados. Mas são amigos distantes...

Querem uma amizade de interesses, para fins de eventos, querem até um pedaço do Caio, se for o caso; mas não suportam a desesperança caústica dele em relação a tudo aquilo do qual ele já foi pai e mãe, ainda que diariamente ele dê conta de se derramar de amor e zelo pelos filhos do Evangelho sobre qualquer denominação.

Então, gastam todo o tempo especulando acerca do Caminho.

Eles nos dizem: "Já sei onde tudo vai parar!" "Infelizmente vai tudo se perder!" "O Caminho vai virar 'igreja'... que pena! Era, afinal, um projeto tão lindo!" "Mas, a gente já viu essa história tantas vezes e já sabe onde vai dar... É melhor ficar aqui para não se 'queimar'!" Afinal, "o Caminho não é a última azeitona dessa empada. O Caminho é Cristo!" Em Santos, por exemplo, eles falam com categorias mais nobres que já inocentam o Caio, agora que se certificaram de sua seriedade e viram que o cara é crente: "Puxa, pena que o pastor não é entendido pelos que o 'seguem'!" "Puxa, pena que os caminhantes só fizeram uma transição desastrada e amargurada entre a 'igreja' e o 'Caminho', mas não assimilaram a 'proposta'... (eu, sinceramente, não sei como eles sabem tantas coisas!). E por aí vai, desde sérias análises antropológicas, sociológicas, teológicas até os mais fantasiosos exercícios de difamação: "No Caminho pode tudo! Credo!", "Eles bebem, eles casam gays, eles dançam (ih! A gente dança mesmo!), eles pensam que a Graça é a quarta pessoa da Trindade...

"Bom, em Fortaleza se ouviu e eu só vim aqui fazer ecoar que:

O que vale não é o que se especula, mas o que se realiza! Materializar esperanças dá trabalho; é mais fácil deixar "Jerusalém" guardada na mente como um sonho bom e impossível de ser reconstruído.

Constatado isso, no "Caminho" não nos ocuparemos com profetas de laboratório, exegetas de camarote, os amigos que nunca pulam, que nunca abandonam a zona de conforto, que nunca confiam, que sempre ficam esperando que a gente revele como tudo funciona na verdade, por debaixo do tapete das boas intenções do Caio e dos demais. Você diz para eles sempre as mesmas coisas: Funciona assim! Do jeito que você está vendo! Vem e Vê, mano! Mas eles não acreditam. Penso que só se convidaram para cerrar fileiras porque não podiam imaginar que a gente era LOUCO o suficiente para fazer o Caminho de volta para casa, para fora do exílio!

Um outro grupo, de espírito similar a esse, é aquele que é constituído pelos que já provaram que não querem participar de uma coisa maior; querem ser o maior da coisa toda, e por isso, não farão nunca coisa nenhuma! Daí existirem muitas comunidades nomeadas Caminho da Graça, inclusive, que a gente nem sabe que existe e nem tem a oportunidade de saber! Eles seguem o Caminho de longe, eles abrem o site como quem consulta um menu, como quem saca do cardápio um bom prato, mas não colocam a mão num tijolo dessa reconstrução num enorme desperdício de força-tarefa e recursos! Não querem amizade, fraternidade, companhia, relacionamento, nada... São uma espécie de Nicodemos, nos seguem na calada da noite porque temem a auditoria, a controladoria, a intervenção. Pensam que fazemos como eles fariam. São os vícios da era da tirania e da suspeição que impedem o espírito do Salmo 133 de se concretizar entre nós com a exultação desarmada dos que tem os braços dados! O Salmo 133, pós-exílico, exalta a alegria de se caminhar desenclausurado com os irmãos em direção ao templo re-erguido (Isso não é teologia, é alegoria; contudo, isso É!).

Aviso aos caminhantes: Se você encontrar por aí o pessoal do Salmo 137, convide-os para o Salmo 133, E no que nos diz respeito, a gente não quer mais irmãos, a gente quer irmãos-amigos! Se você encontrar por aí o pessoal do Salmo 137, digam a eles que estão fazendo muita falta! E que já pulamos de Salmo, e que já abandonamos as canções do exílio. Se ninguém vier, se ninguém se manifestar, se ninguém ajudar, certamente vai demorar mais tempo, algumas outras gerações, se for o caso, mas as muralhas serão re-erguidas em nome de Jesus.

O "Caminho da Graça" não é epicentro de coisa alguma; o Espírito é Livre.

Todavia, vamos nos unir, não para formar um gueto; mas para se tornar um contingente de restauração e Vida, com forças multiplicadas.
O convite está aberto, porque nossa porta nunca se fecha!A gente tem o coração mole...
Vem e vê, mas não demora não...

Marcelo Quintela

As produções do Caminho da Graça

As produções do Caminho da Graça

"Não é para viver de adventos fenomenológicos,Mas do pão nosso de cada dia!

"Produzir:1. Dar nascimento ou origem a; criar. 2. Fazer aparecer, originar. 3. Apresentar, exibir. 4. Causar. 5. Render. 6. Fabricar. 7. Ser fértil (o bom e velho AURÉLIO).

O "Caminho da Graça" é um testemunho. Há muitos outros. Muitos. Todos procurando um "lugar ao sol" onde possam se fazer ouvir. Daí surgem as produções, as nominações e as tipificações de cada um, de cada grupo.

Em primeiro lugar, deve-se lembrar que o Caminho da Graça que a gente pode PRODUZIR não vale tanto a pena. Quero dizer, não valerá a pena transforma-se numa agência de eventos com uma agenda de atividades como "produção".

O Caminho da Graça que vale a pena é aquele que PRODUZ em nós! Que produz em nós para a Vida. É o caminho da internalização da Graça de Deus em nós, é o caminho do Entendimento Espiritual da incondicionalidade do Amor e do Perdão do Pai. E essa produção continua subjetiva, existencial, relacional, num fluxo de exposição que vaza de dentro para fora do ser, e nunca o contrário.

O melhor Caminho da Graça é aquele que chama de produção, serviço, mobilização e estruturação tudo que se pode realizar na realidade do cotidiano e não nas encenações do nosso ritual comunitário de amor-com-hora-marcada. Nas relações extra-templos, sem agenda pré-definida, mas segundo o próprio curso da vida em suas idas e vindas, e em seu cruzamento com toda gente na secularidade é que se faz o Caminho, é que se produz e se realiza.

O "Caminho" não será uma "igreja de programas", nem nada parecido com isso.

O "Caminho" não existe a partir de seus Encontros, o "Caminho" existe, e ocasionalmente, desemboca esse existir num Encontro, numa Estação, numa caminhada organizada, numa co-existência mais programática, pragmática, precisa, etc.

E por que esse tema agora? Ora, porque à medida que a gama de missões externas vai se ampliando a partir de nós e nossas iniciativas como grupo, diminuem, na mesma proporção, as missões internas, o cuidado devocional com a alma em relação a Deus e a solitude necessária como produtiva disciplina espiritual. E não demora, então, para estarmos vivendo a ansiedade da manutenção de tudo, da oferta de incessantes eventos especiais, e carregando no enganado coração carregado a sensação de estarmos fazendo a "obra de Deus", quando só estamos promovendo nosso emblema e patrocinando nossos próprios entretenimentos.

Tudo isso advém do legado das práticas da insegurança que precisavam providenciar que todo mundo estivesse ocupado com a agenda interna, vivendo num clima de gincana infinita, a fim de manter a coisa viva e as pessoas na "pilha" o tempo inteiro, para que elas se sentissem parte do espetáculo e fossem absorvidas pelas tensões e tesões do gueto, num anestesiante comportamento de fuga da vida.

Tudo isso me lembra muito os "avivamentos de retiro". Sim, falo daquela euforia espirituóide que acaba antes das malas estarem desfeitas. Estou falando daquela elevação de espírito pós-acampamento que dura até que a segunda-feira mostre suas garras!

Como se preservar das "fórmulas" de crescimento? Como ser operacional sem deixar de ser relacional? Como se guardar desse in-fluxo, enquanto estamos crescendo como Movimento de Consciência e Relacionamento, com cuidados pastorais?

Alguns conselhos que foram expostos em Fortaleza, e aqui condensados, são esses:

1) Não ser impressionável: Não é o tamanho do grupo, mas o significado do Encontro que vale. No dia que começarmos a nos preocupar com idolatrias numéricas, estatísticas e censos, atividades e ênfases que geram espírito de competição e não de fé; nesse dia, creiam, começamos a falir.

2) Não perder o espírito hebreu, caminhante, peregrino e forasteiro, que caminha sem a prerrogativa de controlar NADA, numa impotência maravilhosa e bem-vinda, que gera dependência de Deus e a manifestação do Seu poder.

3) Não se deixar pervair de um espírito acadêmico. Quase sempre a comunidade que cresce, fica besta, fica cult, auto-centrada, cerebral demais e cada vez menos crente na possibilidade dos impossíveis dos homens serem possíveis para Deus. De repente, já não se crê mais em milagres e em intervenções de Deus. Então, é necessário manter viva a expectativa da Graça Viva... Gente que diz que crê na ressurreição de Jesus, crê em tudo o mais! Deus está livre hoje para fazer o que desejar! É preciso, portanto, ousadia no Espírito Santo para orar sem temer o ridículo! Cada um de nós tem a liberdade para orar, crer e esperar, e animar a fé dos irmãos, tendo a cura como consolação ou a consolação como cura!

4) Apascentar o rebanho de Deus que está entre nós com cuidado, não por obrigação ou ofício, mas voluntariamente, por amor, evitando o pastoreio do constrangimento, da coação, da amargura por ser forçado, remunerado! E ainda, não motivado por ambição ou ganância, mas de toda boa vontade; não como dominadores dos que nos foram confiados, mas servindo de modelo ao rebanho.

4.1.) Quem quiser conduzir gente do Caminho e no Caminho, deve-se lembrar sempre dos sofrimentos de Cristo Jesus, que quando caluniado não caluniava, e quando injuriado, calava-se! Deve-se lembrar que é normal ser traído e ser deixado, e ser negado, e ser usado. Deve abrir mão de melindramentos, de direitos, de bem-estar, de reconhecimentos, de processos públicos de vitimização de si próprio, não tendo em si mesmo a medida de tudo e nem sendo o limite de coisa alguma.

4.2.) Quem quiser conduzir gente do Caminho e no Caminho, deve estar consciente da Esperança da Glória e viver sobre esses dois pilares propostos por Pedro: sofrimento e glória. Como é com o Mestre assim será com os Seus discípulos, sempre. A coroa da Glória ofertada pelo Supremo Pastor não é para esse tempo e nem para esse mundo. A Glória é do Porvir. E "entre nós, não será assim", conforme o curso desse mundo, segundo a ética dos que governam os sistemas sobre a Terra, que lideram para serem servidos. "Entre nós, o maior seja o que mais serve". Reconhecimento e Glória estão adiados até o Tempo oportuno, quando o tempo não mais existir! Pedro a designou "coroa imarcescível". Ora, vem Senhor Jesus!
***
Assim, ninguém se envolverá de novo com as "coisas de Deus" em detrimento do "Deus de todas as coisas", nas funcionalidades que só servem para manutenção de seu próprio circo, em estratagemas que só se operam para "tocar o barco", com calendários de eventos anuais fixos e pré-determinados, sem sua correspondente demanda e senso de ocasião.

Antes do ativismo, há de se descansar aos pés do Mestre. Essa é a melhor parte. E por tentação nenhuma de crescimento institucional, ela nos será tirada; pois pouco é necessário nessa Jornada! Louvado seja o nome do Senhor!

Nesse sentido, toda hora alguém me pergunta: Quando vai ser o Encontro do ano que vem? Onde será o próximo evento nacional do Caminho? Irmãos amados, o encontro não é um evento do calendário anual litúrgico do Caminho da Graça. Os Encontros são organizados em função da pertinência e da necessidade. Sua geografia não é fixa e a escolha da região obedece critérios circunstanciais importantes para determinado momento. (E o nome é Encontro sei lá eu por que! Podia ser confraternização, retiro, conferência, reunião, etc. Talvez seja "Encontro" só porque é um encontro mesmo, assim como o diácono na igreja primitiva era chamado diakonos só porque ele era mesmo aquele que serve, o garçom!) O que importa é que os Encontros correspondem ao apelo de centenas de amigos distantes e unidos pela virtualidade que em dias como esses de Fortaleza podem então se abraçar, orar juntos, congregar-se, compartilhar, comungar em unidade de fé, ouvir, aprender e ensinar...

Ah! E dançar!Assim, não produza nada no Caminho que não seja produção do Caminho em você! É um conselho e um desafio.

Marcelo Quintela

Estação Porto Ferreira - SP: Um novo tempo...apesar dos pesares...

Estação Porto Ferreira - SP: Um novo tempo...apesar dos pesares...

Um novo tempo...apesar dos pesares...

Na manhã do último dia em Fortaleza, nos reunimos para a Ceia do Senhor.

A Mesa estava típica, regionalizada, cearense, muito linda! Pois o pão não foi pão, foi tapioca. Como efeito decorativo, estava toda ornada com folhas e com os cocos, com frutos e frutas regionais, um sol gostoso e muito carinho entre todos.

Aquilo tudo me reportou para a atualização necessária no dia a dia da Caminhada e para a contextualização da jornada do Movimento, de sua trajetória comunitária, de sua relevância histórica e de sua Missão - temas que nortearam as Mensagens do Caio durante esses dias.

Sim, quem caminha sempre vê novas paisagens. Quem caminha, encara climas diferentes e estações em revezamento. Quem caminha, percebe a mudança de cenários. Quem caminha, anda. Vai adiante. Segue em frente. Sem olhar para trás. Mãos postas no arado. Pés que, inevitavelmente se sujam no percurso, contudo, a cabeça está sempre antecipadamente lavada pela Palavra! E caminhando assim, "se FAZ o Caminho!"

Contudo, conforme explicitado naquela manhã de Ceia (uma síntese das coisas já ditas) muitos de nós ainda estamos em velório, num sepultamento interminável. Enterramos os mortos o tempo inteiro, mas nunca lhes dando por ENTERRADOS!

Aí a Missão fica esperando. Fica esperando a gente parar de chorar o passado que tivemos, o procedimento no cristianismo, o zelo com tudo, a energia demandada, a prodigalidade com que sempre nos dedicamos à "igreja".-

"Vem e segue-me!"- "Senhor, espera primeiro acabar essa cerimônia toda, estou preso aqui, chorando tudo que eu perdi para ganhar a Cristo!"Isso vicia.

Essa coisa toda de ficar remoendo a "igreja" vicia. A pessoa acaba pensando que o "Caminho" é isso: Viver em resposta a algo ou alguém! A mente fica presa em considerações infindáveis acerca do que passou, de como foi "saído" de onde estava, de como foi ferido, injustiçado, mal-compreendido. E fica aquele agasalhamento eterno, a glorificação do próprio martírio, como se martirizado tivesse sido. Temo que se alguém não tiver uma história de ruptura dramática com a "instituição" para contar como currículo, acabe por se sentir envergonhado diante da exaltação dos sofrimentos que os demais foram submetidos, quando julgados pelo "Sinédrio". Ora, feliz de quem vem sem cortar laços e sem marginalização; mais feliz ainda de quem vem sem o ingênuo pensamento de que saindo da coisa toda, ela - a coisa - automaticamente sai de você. Sim, porque ninguém foi tão vítima assim. Todo mundo que apanhou, também bateu! E, se como um pastor da Lei, você não matou ninguém, ao menos, sabe que deixou morrer...

Esse é o apelo, então: É tempo de deixar para trás o que ficou para trás, permitir que as velas se apaguem sozinhas e que os mortos sepultem seus próprios mortos, bastando a cada um de nós que simplesmente se SIGA adiante com Ele.

Há uma nova geração a ser alcançada: A Geração do Tempo do Fim. E se o "Caminho da Graça" só servir para desconstruir antigos alicerces de fundamentação religiosa, que sem graça será esse Caminho. A Geração do Fim demanda outros aplicativos... Tem outros requerimentos! São jovens. Não conhecem nossas canções. Estão fora do circuito religioso. Estão em Antioquia. São amigos de Cornélio. Cornélio está por aí... sem pertencer a nada que se proclame de Deus, e doido de vontade de se encontrar com Ele!

A Geração do Tempo do Fim está para além da nossa arena. Nossa luta não é contra carne ou sangue, mas contra o espírito do curso desse mundo apocalíptico, fragmentado apesar de globalizado; gélido e insensibilizado apesar do estado de ebulição ecológico; suicida apesar de cercado de bem estar; ignorante apesar de tanta informação; solitário apesar de uma incrível e crescente multidão.

Esse é o nosso mundo... "Quem tem mais do que devia ter, quase sempre se convence que não tem o bastante!" Nossa luta é contra Mamon, reinante no trono das ambições que nos enriquecem enquanto destrói terra, mar e ar! De fato, esses são dias desleais.

Essa geração tem a alma perdida depois de ter ganho o mundo inteiro. Tem toda ciência, é dona de todo saber, tem todo o controle, mas lhes falta ALMA. A depressão é o mal desse século e só vai aumentar. Essa é a geração do Tempo do Fim. E há um Evangelho para o tempo do fim. E esse Evangelho será pregado em todo mundo, e então virá o FIM.

Agora veja: Se nossas proposituras caminhantes forem só respostinhas tolas às tolices de nossos "pais" e seu fútil legado, então, meus irmãos, será de futilidades que viveremos enquanto assistimos o mundo acabar! Daí, seremos como a "igreja", que existe para cuidar de sua própria existência e perpetuação bem sucedida nesse chão! Daí que, se for assim, "ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais..."

Assim como aquela Ceia em Fortaleza, toda contextualizada com o presente momento, o Caminho só se faz no tempo presente! E só se faz para frente! O "caminhante" não é um maratonista e nem um super-corredor anabolizado. Não. O "caminhante" é um paralítico que foi curado, mas carrega a maca que o mantém cônscio de que ele só caminha porque encontrou-se com Jesus no Caminho. E um filho da Graça e da Compaixão de Jesus! É lógico que haverá tensões com a turba religiosa sempre! Porque, afinal, não se carrega a maca em dia de Sábado! Contudo, as tensões não são bilaterais. São uni-direcionadas. A gente "finge" que não viu, "finge" que não é com a gente e toca pra frente!

Aqui em Santos, um dia desses recebi um recado do presidente do Conselho de Pastores da Baixada Santista: "Avise o Marcelo que vou aparecer por lá de SURPRESA!" Tadinho, ele vem me pegar. Vem defender Deus! Vem me impor resistência bem na hora em que eu estiver talvez sacrificando uma criancinha ou, quem sabe, chutando um velhinho durante uma reunião do Caminho! Sim, é assim que ele pensa que é. Ele vai chegar metendo o pé na porta e vai sair com os pés lavados! E só.

Hora de seguir adiante. Sem choro nem vela. Os mortos enterram a si próprios! Os vivos levantam e andam! Nossa autoridade não é da irrepreensibilidade; é a autoridade de quem foi perdoado: "Levanta, toma o teu leito e anda!"

Acabou o "Caminho" como mensagem-resposta! A Mensagem é uma Proposta! Digo isso, porque receio que alguns de nós não conheçam a Mensagem senão somente em resposta à religião. Temo que, ao terminar os embates, a gente não tenha o que dizer!

As produções da reatividade são legítimas e necessárias sim! (vide Paulo). Contudo, a reação é uma fase, uma ocorrência, uma necessidade imediata, circunstancializada e correspondente. A reação é boa, carrega princípios em seu bojo; é sinal de vida e não de amargura. A não ser que a vida se resuma às reações! Aí, endurecemos e perdemos a ternura!

As reações são tão legítimas quando as ações. Mas "uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa"!

Olha em Paulo como a reação produz para a Vida! Perceba Gálatas! "Quem vos seduziu?" Quem foram os"cães, falsos apóstolos, obreiros fraudulentos?", "Quem dera se castrassem os que vos incitam à 'justiça própria', à confiança em si mesmos, na carne!"... "Quem dera se mutilassem!"Sinta o espírito das cartas pastorais! É só reação! Veja a reação às proposituras coríntias: "Quanto ao que me escrevestes...", "... me foi comunicado pelos da casa de Cloé...", "Antes de tudo ouço que quando vos reunis...". "Ora, no tocante a..."; "Geralmente se ouve que há entre vós..."; "Fui insensato em gloriar-me, mas vós me constrangestes."...

A resposta é parte da proposta, não é a proposta em si.A proposta é Romanos, a proposta é Efésios! A proposta está embutida em cada parábola, em cada encontro de Jesus nas narrativas dos evangelhos.A proposta é pró-ativa, não é reativa!A proposta é antes da fundação do mundo! A proposta diz respeito a toda alma, em todo e qualquer contexto, sobre qualquer tempo ou geração. É para todas as gerações! A proposta é para Hoje! Hoje é dia de salvação.Sei que nem todos entenderão. Mas quem tem ouvidos para ouvir, ouça a Voz: "Vêm!"
***
Naquela manhã, o Fonseca cantou "Caminhando e cantando...Vem, vamos embora... Pelos campos há fome... Em grandes plantações. Os amores na mente. As flores no chão. A certeza na frente. A história na mão...Aprendendo e ensinando uma nova lição.

"Ceiamos e fomos embora. De volta para casa.

Marcelo Quintela